Rui Veloso | Lado lunar

Título: Lado lunar
Intérprete: Rui Veloso
Álbum: Lado lunar
Ano: 1995
 
 
Não me mostres
O teu lado feliz
A luz do teu rosto
Quando sorris

Faz-me crer
Que tudo em ti é risonho
Como se viesses
Do fundo de um sonho

Não me abras
Assim o teu mundo
O teu lado solar
Só dura um segundo

Não e por ele
Que te quero amar
Embora seja ele
Que me esteja a enganar

Toda a alma
Tem uma face negra
Nem eu nem tu
Fugimos à regra

Tiremos à expressão
Todo o dramatismo
Por ser p'ra ti
Eu uso um eufemismo

Chamemos-lhe apenas
O lado lunar
Mostra-me o teu
O teu lado lunar

Desvenda-me
O teu lado malsão
O túnel secreto
A loja de horrores

A arca escondida
Debaixo do chão
Com poeira de sonhos
E ruínas de amor

Eu hei-de te amar
Por esse lado escuro
Com lados felizes
Eu já não me iludo

Se resistir à treva
É um amor seguro
À prova de bala
À prova de tudo

Toda a alma
Tem uma face negra
Nem eu nem tu
Fugimos à regra

Tiremos à expressão
Todo o dramatismo
Por ser p'ra ti
Eu uso um eufemismo

Chamemos-lhe apenas
O lado lunar
Mostra-me o teu
Lado lunar

...

Mostra-me
O avesso da tua alma
Conhecê-lo é tudo
O que eu preciso

Para poder gostar mais
Dessa luz falsa
Que ilumina as arcadas
Do teu sorriso

Não é por ela
Que te quero amar
Embora seja ela
Que me vai enganar

Se mostrares agora
O teu lado lunar
Mesmo às escuras
Eu não vou reclamar

Toda a alma
Tem uma face negra
Nem eu nem tu
Fugimos à regra

Tiremos à expressão
Todo o dramatismo
Por ser p'ra ti
Eu uso um eufemismo

Chamemos-lhe apenas
O lado lunar
Mostra-me o teu
Lado lunar

Mostra-me o
Mostra-me o teu lado lunar
Mostra-me o teu lado lunar

Mostra-me o
Mostra-me o teu lado lunar
Mostra-me o
Mostra-me o
Mostra-me o teu lado lunar

Mostra-me o...
 

Rui Veloso | Máquina zero

Título: Máquina zero
Intérprete: Adelaide Ferreira
Álbum: Guardador de margens
Ano: 1983
 
 
Fui à inspecção
Ao quartel de infantaria
Estava no edital
Da junta de freguesia

Depois de inspeccionado
Deram-me uma guia
Com um carimbo chapado
Dizendo que servia

Ainda argumentei
Disse que não ouvia
Não regulava bem
E que tinha miopia

O capitão mirou-me
No seu ar de comando
E o sargento mandou-me
Um sorriso de malandro

Do bolso tirou
A velha máquina zero
E tugindo gozou
P'ró ano eu cá te espero

Eu não quero ir à máquina zero
Eu não quero ir à máquina zero
Eu não quero ir à máquina zero
Eu não quero...

Um dia na recruta
Fui limpar a latrina
O rancho veio-me à boca
E faltei à faxina

O sargento de dia
Não me deixou impune
Levou-me à companhia
E aplicou-me o RDM

Aqui nada se aprende
Odeio espingardas
Não fui feito para isto
E tenho horror a fardas

Eu não quero ir à máquina zero
Eu não quero ir à máquina zero
Eu não quero ir à máquina zero
Eu não quero...

Não me façam guerreiro
Eu nunca fui audaz
Sou um gajo porreiro
Só quero viver em paz

Eu não quero ir à máquina zero
Eu não quero ir à máquina zero
Eu não quero ir à máquina zero
Eu não quero...

Nunca fiz inimigos
Em nenhum continente
Nao dividam o mundo
Em leste e ocidente

Pactos e alianças
São um bom remédio
Para entreter marechais
E lhes combater o tédio

Pactos e alianças
São um bom remédio
Para entreter marechais
E lhes combater o tédio

Eu não quero ir à máquina zero
Eu não quero ir à máquina zero
Eu não quero ir à máquina zero
Eu não quero...
 

Tema bem disposto do pai do rock português, incluído no álbum "Guardador de margens" de 1983.

Rui Veloso | Não me mintas

Título: Não me mintas
Intérprete: Rui Veloso
Álbum: O melhor de Rui Veloso
Ano: 2000
 
 
Eu queria unir as pedras desavindas
Escoras do meu mundo movediço
Aquelas duas pedras perfeitas e lindas
Das quais eu nasci forte e inteiriço

Eu queria ter amarra nesse cais
Para quando o mar ameaça a minha proa
E queria vencer todos os vendavais
Que se erguem quando o diabo se assoa

Tu querias perceber os pássaros
Voar como o Jardel sobre os centrais
Saber por que dão seda os casulos
Mas isso já eram sonhos a mais

Conta-me os teus truques e fintas
Será que os "Nikes" fazem voar
Diz-me o que sabes e não me mintas
Ao menos em ti posso confiar

Agora diz-me agora o que aprendeste
De tanto saltar muros e fronteiras
Olha para mim e vê como cresceste
Com a força bruta das trepadeiras

Põe aqui a mão, sente o deserto
Cheio de culpas que não são minhas
E ainda que nada à volta bata certo
Juro ganhar o jogo sem espinhas

Tu querias perceber os pássaros
Voar como o Jardel sobre os centrais
Saber por que dão seda os casulos
Mas isso já eram sonhos a mais