Vários Artistas | Cavalo à solta

Minha laranja amarga e doce
Meu poema
Feito de gomos de saudade
Minha pena

Pesada e leve
Secreta e pura
Minha passagem para o breve
Breve instante da loucura.

Minha ousadia, meu galope
Minha rédea
Meu potro doido, minha chama
Minha réstia

De luz intensa
De voz aberta
Minha denúncia do que pensa
Do que sente a gente certa

Em ti respiro
Em ti eu provo
Por ti consigo
Esta força que de novo

Em ti persigo
Em ti percorro
Cavalo à solta
Pela margem do teu corpo

Minha alegria
Minha amargura
Minha coragem
De correr contra a ternura

Minha laranja amarga e doce
Minha espada
Poema feito de dois gumes
Tudo ou nada

Por ti renego
Por ti aceito
Este corcel que não sossego
À desfilada no meu peito

Por isso digo
Canção castigo
Amêndoa travo
Corpo, alma, amante, amigo

Por isso canto
Por isso digo
Alpendre, casa
Cama, arca do meu trigo

Minha alegria
Minha amargura
Minha coragem
De correr contra a ternura

Minha ousadia
Minha aventura
Minha coragem
De correr contra a ternura

Minha alegria
Minha amargura
Minha coragem
De correr contra a ternura

Minha ousadia
Minha aventura
Minha coragem
De correr contra a ternura

Minha alegria
Minha amargura
Minha coragem
De correr contra a ternura

Carlos Paião | Pó de arroz

Título: Pó de arroz
Intérprete: Carlos Paião
Álbum: Pó de arroz (single)
Ano: 1981
 
 
Pó de Arroz
Na face das pequenas
Será beleza apenas, só
Uma corzinha com

Pó de arroz
Rosa é, mulher o pôs
E o homem vai nas cenas
Eva e Adão outra vez

É como enfeitar um embrulho
Arroz com gorgulho talvez

Pó de arroz
Do teu arrozal
Esse pó que é fatal
És a tal que me encanta com

Pó de Arroz
Não faz nenhum mal
É de arroz integral
Infernal, quando chegas com

Todo o teu arroz
Todo o teu arroz

Pó de Arroz
Tens hoje só p'ra mim
Pós de perlimpimpim
És um arroz doce, sim

Pode ser
Um canto de sereia
Serei a tua teia
E tu serás meu algoz

Mas quando te vais alindar
Alindada vens dar-me arroz

Pó de arroz
Do teu arrozal
Esse pó que é fatal
És a tal que me encanta com

Pó de Arroz
Não faz nenhum mal
É de arroz integral
Infernal, quando chegas com

Todo o teu arroz
Todo o teu arroz

Pó de arroz
Do teu arrozal
Esse pó que é fatal
És a tal que me encanta com

Pó de Arroz
Não faz nenhum mal
É de arroz integral
Infernal, quando chegas com

Pó de arroz
Do teu arrozal
Esse pó que é fatal
És a tal que me encanta com...
 

Carlos Paião | Versos de amor

Título: Versos de amor
Intérprete: Carlos Paião
Álbum: Versos de amor (single)
Ano: 1985
 
 
Às onze e meia, saíu para a rua
Com o seu fato domingueiro
Dormindo a aldeia, brilhando a lua,
Num céu de estrelas conselheiro

Coração quente, firme e demente
À sua porta então chamou
E abriu-se a janela e só para ela
Triste, cantou

Versos de amor
Lindos esses versos de amor
Que fizera em segredo
A sonhar quase a medo um viver tentador

A sua vida por uns versos de amor
Lindos esses versos de amor
Na mais terna amargura
O silêncio murmura uma história de amor

A noite imensa foi mais rainha
Quando uma lágrima caiu
Na recompensa, o amor que tinha
Ela também chorou, sorriu

Foi tão bonito, tinham-lhe dito
Que amar às vezes faz doer
Mas a dor que sentia
Não lhe doía, dava prazer

Versos de amor
Lindos esses versos de amor
Que fizera em segredo
A sonhar quase a medo um viver tentador

A sua vida por uns versos de amor
Lindos esses versos de amor
Na mais terna amargura
O silêncio murmura uma história de amor

Na mais terna amargura
O silêncio murmura uma história de amor
 

Carlos Paião | Cegonha

Título: Cegonha
Intérprete: Carlos Paião
Álbum: ?
Ano: 1986
 
 
Olá cegonha
Gosto de ti
Há quanto tempo
Te não via por aí

Nem teus ninhos nos telhados
Nem as asas pelo céu
Olá cegonha
Que aconteceu?

Ainda me lembro
De ouvir-te dizer
Que tu de longe
Os bebés vinhas trazer

Mas os homens vão crescendo
E as cegonhas a morrer
Ainda me lembro
Não pode ser

Adeus cegonha
Tu vais voar
E a gente sonha
É bom sonhar

No teu destino
Por nós traçado
Leva o menino
Que é pequenino
Toma cuidado

Adeus cegonha
Adeus lembranças
A gente sonha
Como crianças

Faz outro ninho
No som dos céus
Vai de mansinho
Mas pelo caminho
Diz-nos adeus!

Adeus cegonha
Tu vais voar
E a gente sonha
É bom sonhar

No teu destino
Por nós traçado
Leva o menino
Que é pequenino
Toma cuidado

Leva o menino
Mas tem cuidado...

La ra la ra
la ra la ra ra ra...
 

Carlos Paião foi, para mim, um dos maiores compositores portugueses de todos os tempos, e a sua morte prematura em 1988 foi uma perca colossal para a música portuguesa. Este tema "Cegonha" foi lançado em formato single em Dezembro de 1986, cerca de 1 ano e meio antes da sua morte. Esta música emociona-me bastante e é das minhas preferidas deste grande senhor que tantas canções compôs, para tantos artistas diferentes, em tão pouco tempo de vida... Felizes de nós por ele ter existido...